4 Maneiras Como Igrejas Podem Ajudar Crianças Enlutadas

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“Meu bisavô está morrendo”, disse ela baixinho quando a classe se reuniu para orar. “Oro para que ele vá encontrar-se com Jesus em breve”.

A turma ficou em silêncio. As crianças ficaram sentadas, prestando atenção no que viria a seguir. O que dizer? Como orar? Aqui no pequeno santuário de nossa sala de aula, a dor assentou-se ao nosso lado no círculo.

Na maioria das igrejas, o ministério infantil já está em pleno andamento, dando aos professores das escolas dominicais e aos líderes de pequenos grupos tempo suficiente para testemunhar a dor que as crianças trazem com eles para a igreja. Novembro é o Mês Nacional de Conscientização do Tristeza Infantil (nos EUA), um ótimo momento para avaliar como acolhemos aqueles que sofrem em nosso meio.

Considere estas quatro maneiras de como ajudar crianças enlutadas em sua igreja, oferecendo-lhes espaço para lamentar suas perdas e encontrar consolo e esperança em Jesus.

1. Crie Espaço
Quando planejamos programas de ministério para crianças, frequentemente tentamos instilar muita energia nas atividades para cativar as crianças. Usamos músicas contagiantes e jogos e atividades que fazem o sangue fluir para envolvermos as crianças em uma versão altamente energética do evangelho. Crianças sentem pesar de maneira diferente dos adultos, e tais atividades podem funcionar bem com alguns, como uma alegre distração da dor que estão sentindo. Mas, particularmente no início do período de dor, crianças enlutadas podem desejar mais oportunidades de silêncio e reflexão—não separadas do grupo mais amplo, mas no meio dele.

Ao avaliar as aulas e atividades especiais da escola dominical, pergunte a si mesmo: há espaço para contemplação, para questionamentos ou para perguntas que não têm respostas? Como responderia uma criança pesarosa ao ritmo e volume deste evento? Sentiria-se sobrepujada? Qual é a intensidade de energia do nosso tempo juntos e como uma criança enlutadas pode encontrar alívio? À medida que criamos espaço, comunicamos às crianças que todas as emoções são bem-vindas tanto perante Deus, quanto perante nós.

2. Converse com Deus
Podemos demonstrar às nossas crianças o papel que a oração desempenha em nossas vidas, especialmente quando os tempos são difíceis. No ministério infantil, expressamos nossa dependência em Deus pela centralidade da oração em nosso tempo juntos. Como adultos, sabemos que muitas vezes não temos respostas para perguntas sobre perda, mas Deus nos convida a trazer toda a nossa dor para ele de qualquer maneira. Ao incluirmos a oração, ensinamos às crianças que a comunhão com Deus é mais do que somente fazer pedidos e que há consolo na comunicação com Deus, mesmo quando a vida nos confunde.

Ao moldar o espaço para crianças enlutadas em nosso ministério infantil, é necessário oferecer muitas oportunidades para que expressem sua dor em oração. Há que incluir orações e pedidos de oração nas atividades da escola dominical. Peça às crianças que compartilhem seus pedidos serenamente ou que os escrevam.

Dê espaço para a oração silenciosa—tanto para falar com Deus quanto para ouvi-lo. Lembre-se de que nenhum pedido é demasiadamente estranho. Deus se preocupa com nossas tristezas, grandes ou pequenas. Podemos honrar como expressões genuínas de pesar jogos de futebol perdidos, a morte de um animal de estimação, divórcio na família ou a morte de um avô, Ao fazermos isso, demonstramos para nossas crianças que Jesus é amigo mais próximo que um irmão. Ele caminha conosco na tristeza, ao confiarmos a ele a nós mesmos e aqueles a quem amamos.

3. Cuidado com Sua Linguagem
Por muitos anos no ministério infantil, incentivei as crianças a levar páginas para colorir e artes manuais “para casa para a mamãe e o papai”. Assim foi, até que meu marido morreu, e percebi como tal instrução poderia soar nos ouvidos da minha filha. A menos que ela levasse sua arte manual para o cemitério, não haveria como entregá-la àquele que, em sua dor, ela mais queria ver.

A morte abriu meus olhos para a maneira como falamos sobre família na igreja, e minha experiência de luto me levou tanto a escolher minhas palavras com maior cuidado, quanto a expandir meu vocabulário para alcançar outras crianças pesarosas.

Ao acolher em nossos ministérios crianças que estão sofrendo, é importante tentar conhecer suas famílias. Podemos fazer perguntas aos adultos que vêm deixá-las e buscá-las. Quando entendemos o ambiente e os relacionamentos nos quais a criança vive na maior parte da semana, podemos usar uma linguagem que não machuca inadvertidamente.

Crianças enlutadas contendem com questões de identidade à medida que se desenvolvem e crescem, quer tenham passado pela experiência da morte de um dos pais ou de divórcio em sua família. Nossa linguagem inclusiva os recorda de que percebemos e nos preocupamos com essas mudanças. Dizer “recite o versículo que você aprendeu de cor esta semana para sua avó” permite que a criança saiba que vemos e conhecemos sua história e ao fazer isto, sinalizamos que ela também pertence a nós como família de Deus.

4. Celebre a Família de Deus
Sabemos que incluir feriados seculares como Dia das Mães e Dia dos Pais nas celebrações da igreja pode magoar adultos em nossas congregações que passaram por experiências de relacionamentos dolorosos ou que tiveram perdas. O mesmo é verdade para crianças enlutadas. Embora saibamos que Deus ordenou a família como o lugar onde suas boas verdades criariam raízes em nossas vidas, Deus cria uma nova família na igreja.

Após uma perda, crianças enlutadas necessitam desse tipo de família mais do que nunca para ajudá-las a florescer. Na igreja, somos lembrados de que Deus é pai dos órfãos. Na igreja, nossas esperanças de uma família que a morte não pode destruir, se realizam. Na igreja, Jesus se oferece a si mesmo a nós como o melhor irmão, alguém totalmente familiarizado com nosso pesar e que triunfou sobre o sofrimento.

Ao criar no ministério de crianças espaço para consciência de tristeza, necessitamos avaliar honestamente qual família estamos celebrando. Considere trocar um evento temático da família terrena por uma atividade com a família espiritual no lugar. Enfatize a mentoria em seus eventos. Use pequenos grupos para fortalecer o senso de irmandade e fraternidade no evangelho. Promova amizades entre diferentes gerações. Mostre às crianças, por meio de palavras e ações, a beleza que Deus nos oferece na comunhão dos santos.

Ao remodelar nosso linguajar para incluir perdas e abrir espaço para a miríade de emoções que vêm com o pesar, comunicamos essas grandes verdades aos mais pequenos sob nossos cuidados. Em uma época de inquietação e profunda tristeza, refletiremos o melhor da família de Deus por meio de nossa atenção, sensibilidade e apoio fiel.

Traduzido por Rebeca Falavinha.

Clarissa Moll é a jovem viúva do autor Rob Moll e mãe de quatro filhos. Ela tem um mestrado da Trinity Evangelical Divinity School, e tem artigos publicados na TGC, Christianity Today, Rooted, RELEVANT, Modern Loss, e mais. Pode encontrá-la no Instagram e em seu website, onde ela publica um boletim mensal de apoio e encorajamento para pessoas enlutadas.

FONTE https://coalizaopeloevangelho.org/article/4-maneiras-como-igrejas-podem-ajudar-criancas-enlutadas/

 


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