10 Lições de uma Cama de Hospital

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Recentemente eu passei 30 horas em um hospital. Eu não te cansarei com os detalhes, mas pode-se dizer por este texto que eu ainda estou vivo. De fato, eu estou bem. Recebi um bom atendimento, um diagnóstico claro, medicação nova, e permissão para prosseguir com a minha vida como de costume.

Para não desperdiçar esta experiência, estive pensando sobre as lições aprendidas e os benefícios recebidos. Talvez, se eu listar algumas delas, será uma ajuda para você quando for sua vez.

Todas estas foram coisas para as quais precisei da ajuda de Deus. Fiquei surpreso em como foi difícil para mim concentrar-me em qualquer coisa, e como resultado disso, o quão vulnerável eu me senti espiritualmente. Sou acostumado a fixar minha mente na verdade de Deus — especialmente suas promessas — e repelir as tentações do medo e da raiva. Mas quando é difícil se concentrar, é difícil confiar. Então não assuma, enquanto você lê estas lições, que foi fácil aprendê-las. Não foi.

1. Não murmure por causa de atrasos e falta de eficiência do hospital, quando você está recebendo cuidados médicos que superam cem vezes mais o que está disponível em 90% do mundo.
Em vez de se concentrar no fato de que sua enfermeira não está respondendo, ou de que o homem na cama ao lado está roncando, ou de que o acesso intravenoso está contorcido, ou de que acabou o gelo, pense sobre o fato de que se fosse a 150 anos atrás você provavelmente teria morrido. E, caso não estivesse morto, você estaria gemendo com uma dor incessante sem morfina para ajudar; e você não teria indício algum do que há de errado com você, ou se você estava morrendo ou não.

“Fazei tudo sem murmurações” (Filipenses 2:14). Paulo disse que o efeito de não murmurar seria resplandecer como luzeiros no meio de um mundo tortuoso — incluindo o carente mundo da medicina.

2. Não se deixe ficar entorpecido espiritualmente pela barreira incessante de sons, barulhos, televisão, e falatório que o cercam no hospital.
Fiquei espantado com o quão incessante o barulho era. Talvez seja diferente para outros. Mas para mim, não houve quase folga nenhuma. Nem mesmo no meio da noite. As enfermeiras tagarelavam. Os cuidadores que vieram servir o meu companheiro de quarto às 3 da madrugada conversavam como se fosse no meio da tarde. Televisores ressoavam continuamente. Apitos e zumbidos e sussurros estranhos eram quase constantes. Eu ansiava por silêncio.

Esta foi uma provação para o meu espírito. Justo no momento em que eu precisava aquietar-me e saber que Deus é Deus, meu coração estava desestabilizado com distração. Isto foi uma surpresa para mim. Isto me pegou desprevenido. Eu tive que orar, e concentrar-me, e recitar as Escrituras para mim mesmo para recuperar minha estabilidade espiritual. “Guarda-me a alma e livra-me!” (Salmos 25:20).

3. Não caia no padrão de fugir para a televisão.
O hospital faz com que esta seja a coisa mais fácil de se fazer. Há uma televisão para cada cama. E ela fica tão perto quanto o botão em cima de sua cabeça. Eu não tenho televisão em casa, e a razão para essa escolha, e para este conselho, não é por causa dos bichos-papões do sexo e da violência. É mais a grande banalidade desumanizadora sutil e infiltrante da maior parte da programação da televisão.

Quando eu escutei o que estava passando na TV do paciente ao lado, o que me deixou pasmo não foi a sensualidade, mas o vazio de tudo aquilo — a trivialidade, a tolice, o vazio da juventude. Pessoas adultas estavam todas agindo como se a vida fosse um show de variedades. E tudo isto em contraste com a condição horrível do homem ao meu lado. Mas pior ainda — em contraste com a magnificência e a grandeza e a maravilha da alma humana e a sua relação com o Criador do mundo.

Não vá por este caminho. Dedique-se a ler ou escutar ou pensar sobre coisas que enobreçam sua alma, e coloque-a em contato com a glória que ela é, e a Glória para a qual ela foi feita.

“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui na terra “(Colossenses 3:1-2).

4. Ore pelos pacientes perto de você e, se possível — sem ofender indevidamente — cheque se o seu companheiro de quarto gostaria que você orasse por ele, e diga a ele palavras de esperança em Jesus.
Eu não fiquei satisfeito com a minha tentativa de fazer isso pelo pobre homem ao meu lado. Ele era tão miserável. Mas eu tentei. E antes de eu ir embora, eu escrevi em um livro e deixei-o com ele, pedindo ao Senhor que o abençoe. Eu fiz o mesmo pela enfermeira que me serviu tão generosamente com um sorriso.

Você não está em lugar algum por acidente. Estes são agendamentos divinos. Você não tem ideia do que o mais simples testemunho de Cristo pode trazer.

Vocês serão levados “à presença de reis e governadores, [e de médicos e enfermeiros e pacientes] por causa do meu nome. e isto vos acontecerá para que deis testemunho” (Lucas 21:12-13).

5. Perceba que a dor física torna mais difícil se focar nas promessas de Deus e exige um esforço maior de concentração.
Não é apenas a barreira de sons que desorienta as nossas almas; é a dor. Eu não quero que você seja pego de repente por isto. A mesma coisa para a qual necessitamos da ajuda de Deus é o que pode desfocar a nossa visão de Deus.

A esta altura, é muito importante que você tenha algumas verdades bíblicas bastante simples e curtas sobre Deus no seu coração, as quais você possa declarar para si mesmo. Discursos longos e complexos sobre a soberania e a bondade de Deus não funcionarão nesta situação, porque a dor desorienta demais. Ela não permite que a mente trabalhe em plena capacidade.

O que é necessário é: “O Senhor é meu pastor”. Ponto. “Cristo entregou a si mesmo por mim.” Ponto. “Nunca te deixarei.” Ponto. “Nada é difícil demais para o Senhor.” Ponto. “Todas as coisas contribuem para o bem.” Ponto. Estas afirmações são como pedras brancas com seu nome escrito nelas. E você as segura em sua mão enquanto você geme e espera.

6. Procure um amigo ou familiar para ajudá-lo.
Comumente a hospitalização repentina deixa o paciente desorientado e incapaz de pensar claramente sobre todos os aspectos do que está acontecendo. Isto foi certamente verdade para mim. Perguntas precisavam ser feitas, e minha mente não estava em plena força.

Eu precisava de um representante. Minha esposa estava lá, e cheia de boas perguntas para os médicos. Os médicos não podem pensar em todas as coisas que precisamos saber de forma a entendermos o que aconteceu e a vivermos com sabedoria nos dias que virão. Precisamos de ajuda para fazer todas as perguntas certas.

Não tenha medo de pedir ajuda e dar permissão ao seu amigo para perguntar tudo o que vier à mente dele. “Somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25).

7. Aceite a humilhação de usar o mesmo roupão embaraçoso que todo mundo usa.
Isto é bom para todos nós. Na maior parte das vezes nós temos controle sobre a nossa pessoa externa. Podemos nos vestir de uma forma que nos faça parecer mais dignos (ou auto-suficientes) do que somos.

Imagine a diferença entre o John Piper com seu paletó pregando para milhares de pessoas, e o John Piper com seu roupão azul e branco aberto na parte de trás, mancando até o banheiro com suas pantufas antiderrapantes marrons, arrastando o suporte do intravenoso com ele.

Esta é uma grande choque de realidade. Somos todos indivíduos físicos fracos, vulneráveis, e um tanto comuns, que estão se tornando menos atraentes o tempo todo. Mas graças sejam dadas a Deus: “ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Coríntios 4:16).

8. Deixe que a dor e miséria do seu corpo, e das pessoas ao teu redor, te lembrem do excessivo horror moral e feiura espiritual do pecado.
Meu entendimento de Romanos 8:18-25 é que este é o comentário de Paulo sobre a queda em Gênesis 3. Ele está explicando os efeitos físicos devastadores que a criação sofreu por causa da maldade moral que entrou no mundo através do pecado de Adão. Isto significa que Deus submeteu o mundo à vaidade e à miséria física para fazer uma ilustração sobre a realidade moral e espiritual.

Paulo diz: “A criação ficou sujeita à vaidade” (Romanos 8:20). Ele refere a esta “vaidade” como “servidão da corrupção” (Romanos 8:21). Os horrores e perturbações das doenças e calamidades não são fins em si mesmos. Estas coisas são o “gemer e estar juntamente com dores de parto” (Romanos 8:22). Ou seja, elas vão preceder uma nova criação.

Nós todos compartilhamos estes gemidos. Gemidos horríveis quando nos casos dos piores tipos de câncer e acidentes com mutilações. Para os filhos de Deus, isto não é punição. Cristo suportou a punição. Esta é a parte de cada homem: suportar o sinal físico dos horrores do mal moral. Esta dor física aponta para quão feio é o pecado.

Deixe seu gemido te lembrar da doença e da deformação das quais você foi salvo — pecado.

9. Deixe a auto-revelação de Jesus como o bom médico ser doce para a sua alma, e pregue para si mesmo que esta leve aflição momentânea está operando em você um peso eterno de glória.
Cristo é todo-suficiente para toda situação. No hospital, ele é preeminentemente um médico. Mateus 4:23 diz que ele foi capaz de curar “todas as enfermidades e moléstias entre o povo”. E no último dia, Ele “limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor;” (Apocalipse 21:4).

Devemos pedir a ele, sem hesitação, a cura e o alívio. Devemos confiar nele acerca do momento da resposta dele. Mas, principalmente, devemos perceber com alegria que, além de qualquer dúvida, ele curou a doença mais profunda de todos os que confiam nele — a condenante doença do pecado. “Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31-32).

10. Ore para que nenhuma dessas horas no hospital, nada desta dor, nenhum destes temores, nenhum destes relacionamentos, nada desta temporada de mudança na vida seja desperdiçado.
Satanás quer tornar a sua experiência no hospital sem sentido, vazia e trivial. Não o deixe ter esta vitória.

Ore. Ore no caminho. Ore nas admissões. Ore na maca. Ore na cama. Ore de manhã e no meio da noite. Ore sem cessar.
Você provavelmente não será capaz de formular orações longas e bem articuladas. A mente e o corpo estão por demais engajados em batalha. As orações que você precisa orar foram chamadas, historicamente, de “exclamativas” — explosões curtas do coração. “Ajude-me, Senhor, a confiar em Ti.” “Tem misericórdia, Senhor, eu preciso de Ti. Eu mal consigo pensar.” “Salva-me, Senhor, da incredulidade e do pecado.” “Eu creio, Senhor. Ajuda a minha incredulidade”. “Obrigado por Tua misericórdia.” “Obrigado, Jesus, por ter me amado e ter entregado a si mesmo por mim.” “Obrigado, Pai, por não haver condenação para mim em Cristo Jesus.” “Usa-me, Jesus, para magnificar o seu grande valor.” “Satisfaz-me com a Tua benignidade, não importa o que acontecer aqui.”

Que o Senhor use estas dez lições oriundas da minha hospitalização para ajudá-lo a fazer com que sua hospitalização seja frutífera para a glória de Cristo.

Publicado originalmente em DesiringGod.org.

FONTE https://coalizaopeloevangelho.org/article/10-licoes-de-uma-cama-de-hospital/

 


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