Como a Ceia do Senhor Me Relembra que o Senhor Me Tem em Suas Mãos

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Algumas lembranças se solidificam como concreto em nossas mentes.

Aprender a andar de bicicleta numa bicicleta sem freios. Molhar meus dedos em tinta vermelha e perseguir minhas irmãs gritando “Dedos sangrentos! Dedos sangrentos!”. Engatinhar debaixo do área do coral para brincar de guerrinha após as aulas bíblicas nas noites de quarta-feira. Estes eventos criaram lembranças do começo da minha vida que jamais esquecerei.

Ao participar da Ceia do Senhor recentemente, vi de novo como os primeiros padrões espirituais costumam ser os que nos sustentam mais tarde na vida.

Minha atenção recaiu sobre um homem chamado Roger, que sofre de demência precoce. Roger é um marido, pai e avô fiel, que agora está em uma situação na qual sua esposa amorosa, todos os domingos o busca numa casa de repouso e o leva à igreja. Ele proveu bem sua família ao longo dos anos e economizou dinheiro suficiente para que tais cuidados pudessem ocorrer.

A capacidade de Roger é limitada, sua memória é curta, sua habilidade está diminuindo. No entanto, a cada domingo ele comparece para adorar o Rei Jesus com um sorriso no rosto. Sempre de calça e camisa social e gravata perfeitamente amarrada que chega até a fivela do cinto, Roger fica com as mãos cruzadas à frente, movendo-as para cima e para baixo ao som da música enquanto canta cada palavra.

Após participar do primeiro culto, Roger fica na parte de trás da igreja durante o louvor no segundo culto. Sua participação nunca distrai outros mas nunca é passiva. Ele pode ter se esquecido de algumas coisas, perdido algumas habilidades e alguns passos, todavia não se esqueceu de como adorar seu grande Deus.

Ao tomar a Ceia do Senhor alguns domingos atrás, ele foi novamente lembrado, ainda que por um momento, que Deus o ama tanto que enviou seu único Filho para levar o pecado de Roger e dar-lhe nova vida. Roger não pode ser voluntário no ministério pré-escolar e provavelmente não vai servir pipoca no festival de outono deste ano. Contudo, toda vez que ele se senta para tomar a Ceia com o resto de nós, ele proclama clara, corajosa e vitoriosamente a morte do Senhor.

O apóstolo Paulo escreveu a seu filho na fé, Timóteo: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus.” (2Tm 1.13)

“Em Memória de Mim”
Quando Jesus compartilhou pela primeira vez a Ceia com seus discípulos, ele lhes deu algo firme para segurarem — tal como uma viga fixada em concreto. Jesus logo seria traído e crucificado no lugar deles. Ele queria que eles não apenas se lembrassem do sacrifício, mas também compreendessem seu significado. Jesus estava partindo e logo outras pessoas, prioridades e perseguições ameaçariam a devoção de seus corações. Contudo a Ceia do Senhor era uma alça na qual eles poderiam se agarrar em meio a tudo aquilo.

Dúvidas viriam, mas elas se lembrariam. Perigos viriam, mas eles se lembrariam. Os dissidentes os abandonariam, porém eles se lembrariam daquele momento indelével em que Jesus partiu o pão e serviu o cálice. Era um ato simples, uma refeição comum, mas que logo se tornaria a graça sustentadora deles.

A memória de Roger está desaparecendo, mas ele ainda é capaz de retornar aos velhos caminhos que moldaram seu coração em tempos melhores. Enquanto eu ministrava a Ceia do Senhor naquele dia, Roger me ensinou que aprender a adorar a Jesus no início da vida permite que o Espírito se embrenhe em nós, com a mesma previsibilidade das marés do oceano cobrindo a praia, lentamente transformando nossos corações e nos preparando para dias mais difíceis.

As rotinas religiosas, ausentes da intimidade com Deus, apodrecem nossas almas, entretanto a prática fiel do culto congregacional alimentada pelo Espírito de Deus produz uma alegria duradoura. Mesmo nos dias em que não sentimos vontade participamos do culto. Mesmo quando perdemos nossa alegria na música, cantamos através de lágrimas. Mesmo quando nossos filhos preferem fazer outras coisas, nós os levamos pelo caminho de volta para a comunidade de fé. Mesmo quando o diabo nos acusa, rejeitamos o isolamento e nos unimos a outros crentes para declarar com nossas vozes aquilo que duvidamos em nossos corações. Até mesmo quando nossas mentes vagam, abrimos nossa Bíblia, ouvimos outro sermão e tomamos nota da Palavra de Deus para nós.

Vigas no Concreto
Estas disciplinas congregacionais da graça são como vigas fixadas no concreto. Cantar, orar, ficar em pé para a leitura das Escrituras, observar a Ceia do Senhor, ouvir sermões, dar dízimos e ofertas, são todos atos comuns de adoração. No entanto, tais atos não apenas treinam nossos corações para nos segurarmos quando a dúvida, a doença e o desencorajamento se instalam; eles nos seguram quando nossas forças começam a desvanecer. Estes padrões corriqueiros de adoração que praticamos quando a vida está boa, quando nos sentimos fortes e cheios de vigor, na verdade moldam nossos corações para continuar adorando quando não somos tão fortes quanto pensávamos, quando descobrimos que estamos no final da nossa jornada, quando nosso potencial dá lugar à realidade, quando nossos melhores dias na terra abrem espaço para dias melhores no céus.

Portanto, pelo tempo em que Deus permitir que eu pastoreie o rebanho, continuarei convidando as pessoas a se reunirem a cada domingo, para praticarem as disciplinas congregacionais corriqueiras. Eu os observarei com um coração agradecido, sabendo que essa obra não é em vão. Então orarei por eles, sabendo que em breve serão desafiados a confiarem em Deus em situações privadas da mesma forma como O adoram em público.

Quando Roger se apresentou para receber o pão e o cálice, ele não apenas demonstrou as boas novas da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, mas também lembrou a todos que a graça de Deus nos sustenta mesmo quando tudo o que temos é uma velha e familiar canção para cantar no fundo da igreja.

Traduzido por Mauro Abner

fonte https://coalizaopeloevangelho.org/article/como-ceia-do-senhor-me-relembra-que-o-senhor-me-tem-em-suas-maos/

 

 


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