Na semana passada, moradores do distrito de Nabarangpur, em Odisha, se opuseram ao sepultamento de um cristão falecido, alegando que um funeral cristão profanaria os deuses e a terra da aldeia. As autoridades não conseguiram convencer os moradores a autorizar o sepultamento, e o corpo foi levado para outro local.
Embora os enterros cristãos tenham sido negados na Índia por muito tempo, essas negações estão ocorrendo cada vez mais como um método de perseguição aos cristãos em Odisha.
Além de constatar o aumento de ataques direcionados e outras formas de perseguição contra cristãos, três investigações independentes conduzidas em Odisha entre março e abril apontaram para um aumento alarmante no número de cristãos a quem foi negado o direito ao sepultamento. As investigações concluíram que a ausência de leis estaduais que alocassem terrenos para sepultamento a cristãos contribuiu para essa tendência.
As equipes de investigação, compostas por advogados, ativistas e pesquisadores, visitaram os distritos de Nabarangpur, Gajapati e Balasore para documentar as diversas formas de perseguição contra cristãos. Também descobriram casos recorrentes de conversões forçadas, brutalidade policial e falhas institucionais contra cristãos.
Em Nabarangpur, investigadores documentaram casos terríveis de sepultamento cristão negado. Em vários incidentes, corpos foram exumados, profanados ou "convertidos" à força ao hinduísmo antes do sepultamento.
Em um caso, o corpo de Saravan Gond, um jovem cristão, foi desenterrado e roubado após o sepultamento, apesar da suposta presença policial. Sua família foi agredida fisicamente e forçada a fugir de suas casas. Até o momento, ninguém sabe o estado de seus restos mortais.
Em várias aldeias, famílias cristãs foram forçadas a enterrar seus entes queridos em florestas remotas ou cemitérios distantes porque grupos nacionalistas hindus locais se recusaram a permitir enterros dentro dos limites da aldeia. Famílias cristãs só podiam enterrar seus mortos na aldeia se se convertessem ao hinduísmo.
Uma família cristã adivasi foi forçada a assinar documentos alegando ter se reconvertido ao hinduísmo para enterrar um dos pais. Outra mulher teve o espaço para sepultamento do marido negado porque seus filhos haviam adotado o cristianismo, de acordo com as investigações.
O que emerge desses três relatórios é um padrão: o enterro se tornou um local de coerção religiosa; a polícia e as autoridades locais são indiferentes ou ativamente cúmplices; após reclamações formais, nenhuma ação foi tomada; e a identidade tribal foi mal utilizada para justificar a discriminação.
Isso equivale à instrumentalização da identidade tribal por grupos nacionalistas hindus que equiparam a fé cristã a uma traição à cultura. Eles então usam essa alegação para negar aos cristãos o direito ao sepultamento, observou o relatório.
FONTE https://www.persecution.org/2025/05/21/odisha-christians-increasingly-denied-burial-rights/
