Eu o conheci em um seminário. Eu o achava engraçado e inteligente, e um dia nós fomos a um encontro acidental na praça de alimentação, porque estávamos estudando juntos e ficamos com fome. Mas eu realmente comecei a admirá-lo naquela noite em Skid Row em Los Angeles. Um dos nossos grupos da escola muitas vezes distribuía tacos e conversava com moradores de rua. Nesta noite especial, um homem sem-teto ofereceu-lhe um lugar em seu cobertor. Rapidamente se tornou claro que com a cor e cheiro naquele cobertor, estava encharcado com urina. Eu me encolhi e esperei para ver o que ele faria. Ele hesitou um instante, depois sorriu e sentou-se com um “obrigado”. Eles conversaram por horas. Vê-lo suportar o desconforto para mostrar o amor de Cristo me chamou a atenção. Não muito tempo depois disso, eu percebi que queria entrar no ministério a ele e com ele pelo resto da minha vida.
Fomos amigos durante anos antes de namorar. Nós namoramos durante anos antes do noivado. Tivemos o apoio de nossas famílias, amigos e igreja. Meu pai realizou nossa cerimônia de casamento, e meu melhor amigo fez o bolo. Ele foi até mesmo meu primeiro beijo.
Não faz muito tempo que foi o nosso quinto aniversário de casamento, e eu o passei no meu antigo quarto na casa dos meus pais. Ele o passou em um apartamento enchido pela metade a vários estados de distância. Não esperava que a minha vida se tornasse isso.
Do que você nunca vai se arrepender
Cerca de um ano atrás, ele confessou que estava tendo dúvidas sobre a sua fé. Depois de ler livros de muitas perspectivas e após inúmeras discussões de partir o coração, ele me disse que não podia mais confiar na Bíblia ou acreditar em Deus. Ele sabia que o divórcio poderia estar no horizonte. A possibilidade disso pairava sobre mim como um nevoeiro inafastável. Durante meses, eu não sabia se me concentraria em ser uma esposa ou para se preparar para uma dor inconcebível de coração. No momento certo, um querido amigo me advertiu: Você nunca vai se arrepender de lhe mostrar muito amor, mas você pode se arrepender de não mostrar-lhe o suficiente. Mediante somente a força de Deus, eu escolhi amar.
Poucos meses depois, ele tomou a decisão de sair, e eu não tinha escolha a não ser deixar o incrédulo partir (1 Co 7.15). A notícia mais devastadora não era o divórcio, mas sua rejeição de Deus. Mais do que o que eu queria que ele fosse para mim na terra, eu queria o que Deus pudesse ser para ele para sempre. O dia em que ele me disse que não acreditava mais, lembro-me de me retorcer por dentro, fisicamente bater no meu travesseiro, e rogar a Deus. Por favor, por favor, por favor.
Como Deus respondeu
Apesar da amputação devastadora do divórcio e do fato de Deus ainda não ter respondido à minha oração “Senhor, salve-o,” eu vi inúmeras respostas à oração “Senhor, usa-me”. Sua bondade tornou-se mais evidente à medida que ele tem me empenhado na obra do evangelho. Aqui estão algumas áreas em que vi isso ultimamente:
1. Em meus alunos
Durante os últimos oito anos, eu ensinei inglês numa escola cristã de segundo grau. Quando eu descobri sobre o divórcio, tive de dizer aos meus alunos porque eu não estaria retornando no ano seguinte. Eu lhes escrevi uma carta compartilhando minha mágoa, mas também a minha esperança. Ela abriu conversas sobre a soberania de Deus e o propósito do sofrimento. Alguns pais compartilharam comigo algumas das discussões que tiveram com seus filhos depois de ler a carta.
A dor muitas vezes nos entrega um megafone para declarar a bondade de Deus. É uma honra e uma oportunidade, não uma punição.
2. Em meu marido
Eu tenho sido capaz de representar a Cristo durante alguns dos meus maiores momentos de fraqueza. Compartilhar o evangelho com palavras deixou de ser eficaz, mas cada vez que Deus me ajudou a mostrar paciência em vez de frustração, meu marido viu. Cada vez que lia minha Bíblia na sala de estar, ele soube. E cada vez que eu escrevi sobre a bondade de Deus, ele leu. Ele me viu agarrar a Deus quando teria sido mais fácil desistir e se juntar a ele na incredulidade. Este não é um testamento sobre mim, mas sobre o que Deus pode fazer através de pecadores como eu. Como você também.
3. Em meu coração
As palavras desse antigo hino se encontram muitas vezes na minha boca: “Ó Amor que não me deixará ir, eu descanso a minha alma cansada em Ti”. Apenas alguns meses antes desta provação começar, eu terminei um estudo de dois anos sobre Jó. Eu não sabia exatamente porque eu estava estudando um livro tão obscuro, mas ele transformou a minha visão de Deus e de seu caráter. Meu temor a ele aumentou. Meu amor por ele cresceu. Que provisão graciosa isso tem provado ser! O Senhor sabia a razão.
Por causa de Jó, eu não duvidei uma vez sequer se Deus ainda era por mim. Tenho enfrentado muitas perguntas e lutado com seus planos, mas nunca duvidei de Seu amor.
Aslan sabe o que é melhor
Se alguém tivesse me dito que Deus iria responder às minhas orações por esse tipo de perda, eu não sei se eu teria embarcado nessa. Mas eu já vi em primeira mão como ele dá graça para cada momento, o momento em que você está, não aquele que você está imaginando.
Não tenha medo de que ser usado por Deus leva a dor no futuro. Claro que levará. E aleluia. A minha história não será a sua história, mas você nunca precisa se preocupar com sua entrega ao seu Salvador ser um compromisso perigoso demais.
Estive lendo um livro de cartas de C.S. Lewis a crianças, no qual ele escreve para um menino chamado Laurence:
Bem, eu não posso dizer que eu tive uma Páscoa feliz, pois ultimamente me casei e minha esposa está muito, muito doente. Estou certo de que Aslan sabe o melhor, e que tanto se ele a deixar comigo quanto se a levar para o seu próprio país, ele vai fazer o que é certo. Mas é claro que isso me deixa muito triste.
Lewis escreveu estas palavras com uma franqueza e simplicidade que fala a minha língua. Não tenho nenhum desejo de fingir que não estou quebrada. Que eu não estou ansiosa sobre o futuro, onde eu vou viver, como vou ganhar dinheiro, ou se eu vou ser incuravelmente solitária. Mas eu sei que Jesus sabe o melhor. Ele vai continuar a me usar, e ele vai fazer o que é certo. Não há medo disso. Há uma tristeza profunda, é claro, mas também uma esperança avassaladora.
Traduzido por Guilherme Cordeiro.
FONTYE https://coalizaopeloevangelho.org/article/quando-o-incredulo-parte/
