Por Que Pastores estão Deixando as Igrejas para Que Possam Pastorear?

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Medindo-se objetivamente, Russ Ramsey se destacava como pastor. Como o pastor pregador de uma igreja em Nashville, ele tinha visto a congregação crescer de um culto a três em cinco anos. A frequência saltou de 180 para cerca de 700 pessoas. E Ramsey amava os desafios. A igreja era situada em um dos bairros mais badalados de Nashville. Estudantes da Universidade de Vanderbilt, que era próxima da igreja, misturaram-se com artistas urbanos para um culto semanal numa igreja de 1908 de tijolos brancos com um campanário. Não se poderia presumir quais seriam os padrões de voto. Não se poderia presumir maturidade espiritual. Não se poderia nem mesmo presumir as crenças mais básicas. Oportunidades para evangelismo e discipulado abundavam.

No entanto, quando no final do ano passado, Ramsey anunciou sua renúncia, isto foi como um choque para grande parte da congregação. Mas o motivo foi a surpresa maior. Ele não estava saindo porque ele já tinha outro emprego de ministro arranjado. Não estava saindo porque estava esgotado. Não estava saindo por causa de conflitos dentro da congregação. Estava saindo porque queria ser um pastor. Para que pudesse pregar, ensinar, escrever e aconselhar. Sua vocação não havia mudado. Mas as necessidades de sua igreja haviam.

Uma congregação em crescimento, é o tipo de problema que todo pastor quer. No geral, não são muitos pastores que veem qualquer aumento numérico da membresia durante seus mandatos, muito menos o tipo de aumento que Ramsey viu em Nashville. Mas o crescimento traz seus próprios desafios. E muitos pastores que prosperam no estágio de crescimento dinâmico de uma igreja, têm problemas para suportar os fardos de liderança e gerenciar estruturas cada vez mais complexas, quando suas congregações assim o exigem.

Três Tipos de Ministros
Falando com pastores, constatei que pelo menos três tipos diferentes de ministros se deparam com problemas quando suas igrejas crescem.

O primeiro é o evangelista. Este é o tipo de pastor mais propenso a plantar uma igreja. Ele se sente confortável ao redor de não crentes e passa muito tempo iniciando conversas com os vizinhos e clientes tomando café no bar. Pela graça de Deus, a igreja cresce com conversões. Então o pastor se depara com problemas. Ele precisa discipular estes novos crentes. Eles têm um monte de problemas e dependem dele para conselhos. Crentes mais velhos, que poderiam ajudá-lo a arcar com esta carga, partilhando sua sabedoria e experiência, não se juntam à igreja porque esta não tem programas para eles e especialmente para seus filhos. Quanto mais tempo o pastor gasta aconselhando e organizando novos programas, menos tempo ele passa evangelizando.

Ele sente que precisa deixar a igreja para retornar à sua vocação inicial.

O segundo pastor é o estudioso. Ele provavelmente aceitou um convite para liderar uma igreja estabelecida ao invés de plantar uma nova. Estas congregações mais velhas adoram quando o letreiro em frente lista Dr. Fulano de Tal como o pastor sênior. O novo ministro gera entusiasmo e crescimento através de transferências, na medida em que crentes de outras igrejas buscam maior profundidade bíblica e teológica na pregação. Nesta igreja estabelecida, os membros esperam visitas regulares e atenção especial aos seus programas e comitês preferidos. Mas este não é o ministério que este pastor imaginou quando passou mais de sete anos de estudo acadêmico em tempo integral após a graduação, para obter um PhD. Onde está o tempo para ler, estudar, manter-se atualizado com as revistas acadêmicas e editar a dissertação para publicação?

Ele sente que precisa deixar a igreja para retornar à sua vocação inicial.

O terceiro é o pastor criativo. Ele talvez tenha plantado a igreja ele mesmo ou se juntado a ela logo no início. Como Ramsey, talvez ele tenha sido recrutado como um pastor missionário num bairro particularmente jovem e artístico. Ele ensina com ilustrações que alimentam a imaginação e se fixam na memória. A igreja cresce na medida em que membros entusiasmados convidam seus amigos, que não sabiam que uma igreja poderia engajar suas emoções e valorizar seus dons como artistas. O dom do pastor para a comunicação traz-lhe alguma notoriedade. Ele escreve artigos online que correm o mundo. Publica alguns livros com muitos leitores. Mas o crescimento numérico exige que a igreja se institucionalize. Políticas e procedimentos são necessários para proteger a igreja de desafios legais. A equipe cresce, e o gerenciamento de artistas não é fácil. Durante longas reuniões com diáconos e com presbíteros leigos na quinta-feira à noite, o pastor devaneia sobre uma vida mais simples.

Ele sente que precisa deixar a igreja para retornar à sua vocação inicial.

Expectativas Equivocadas
Para piorar a situação, pastores não podem escolher entre o evangelismo, o estudo e a criatividade. Todas estas são partes essenciais de um ministério pastoral fiel, bíblico e bem equilibrado. Da mesma forma, a administração é necessária para qualquer igreja em crescimento. Pastores não podem se dar ao luxo de ignorá-la, só porque eles não gostam ou não se sentem especialmente dotados nisto. O ministério pastoral é um ato de serviço, não uma plataforma para representar uma noção truncada de dom ou vocação pessoal.

Muitos pastores entram no ministério com expectativas equivocadas, segundo Dave Harvey, diretor executivo da Sojourn Network e pastor de pregação na Igreja Four Oaks em Tallahasee, Florida, EUA. O autor do livro Sou eu chamado? diz que muitos jovens ministros discernem seu chamado vendo o ministério público de seus pregadores favoritos. Eles veem o sermão de meia hora toda semana, mas não veem as dez horas de planejamento, reuniões de equipe e respostas de e-mails depois. Quando eles se inscrevem no seminário, eles veem apenas o fruto acadêmico do trabalho dos seus professores. Eles imaginam longos momentos de estudo ininterrupto e até mesmo períodos sabáticos ocasionais. Eles não veem o labor dos seus professores nas minúcias técnicas da publicação ou da formação acadêmica.

Para plantadores de igrejas, o problema é especialmente gritante devido à sua juventude e experiência limitada em igrejas. “Plantadores que começam em grandes igrejas, com bons recursos, muitas vezes estão despreparados para o peso esmagador da administração no início de uma nova igreja”, observa Harvey.

Enquanto decidem entre demandas que competem por seu tempo e enquanto lidam com expectativas frustradas, os pastores também têm de lidar com um problema mais fundamental. Nem todo evangelista, estudioso ou criativo é dotado de liderança. Por isto é que, somente prestar um pouco mais de atenção à gestão e à administração, poderá não tornar a situação melhor.

Solução Executiva?
Qual a solução então? Não ousamos mudar a descrição do trabalho ou dos requisitos de caráter de um ministro como previsto em passagens como 1 Timóteo 3:1-7, 2 Timóteo 4:1-5 e Tito 1:5-9. Presbíteros instruem na sã doutrina, pregam a Palavra, repreendem, exortam e evangelizam, e tudo isso acima de qualquer reprovação e com integridade ante pessoas de fora.

A fim de proteger estas prioridades, o que, então, os pastores podem fazer para que não sintam a necessidade de deixar o ministério pastoral para exercitarem sua vocação? A administração não desaparecerá. Mas este não é um desafio novo. A igreja primitiva enfrentou demandas imprevistas conforme crescia. Lemos em Atos 6 que os apóstolos tinham dificuldades em equilibrar suas responsabilidades primárias de oração e pregação com a crescente demanda de distribuição equitativa de alimentos. Eles não consideravam este trabalho como sendo inferior ao seu chamado. Mas eles reconheceram a ameaça à integridade e à missão principal da Igreja se não agissem. Então nomearam sete irmãos para assumir esta tarefa administrativa.

“Vemos em Atos 6, que o exemplo não é para sair da igreja, mas para encontrar pessoas para fazer o trabalho, de modo que os pastores possam se concentrar em seu chamado”, diz Harvey.

Pelo fato que muitos pastores jovens não têm mentores experientes, Harvey observa, não sabem como navegar os desafios da complexidade que acompanha o crescimento. Então sofrem de uma “ausência de imaginação” em como proteger seus dons e vocação. Muitos procuram contratar pastores executivos a fim de se livrar do dilema. Estão mais do que dispostos a passar adiante estas áreas de atrito e dificuldades frequentes.

Mas esta atitude pode criar problemas próprios, se o executivo assumir a autoridade de um presbítero, sem preencher os critérios bíblicos para este ofício. Nestes cenários, o executivo define a visão da igreja de acordo com padrões mais apropriados para negócios do que alinhados com a Bíblia. Quando os pastores param de liderar os executivos, a igreja pode facilmente perder seus fundamentos. Trabalho de igreja nunca será eficiente pelos padrões do mundo enquanto pessoas reais e vivas estiverem envolvidas. Progresso no discipulado não pode ser facilmente quantificado por um conjunto de medidas de desempenho no trabalho.

Ambos os Tipos de Liderança
A igreja precisa de ambos os tipos de liderança: pastoral e executiva, nesta ordem. O pastor não pode fazer o seu trabalho de acordo com as Escrituras, se está sobrecarregado com a administração. Mas a igreja não pode cumprir sua missão, a menos que servos tomem iniciativa para carregar esse fardo. Pastores não precisam sair da igreja para pastorear. Eles precisam, no entanto, ter expectativas realistas.

E eles precisam que a igreja exerça toda a sua variedade de dons e funções (1 Co 12). O evangelho nos mostra uma ótima maneira de exercê-los. Servimos um Servo que se esvaziou por nós (Fp 2:7). Honramos àqueles que pregam as boas novas da salvação. Mas, de acordo com o apóstolo Paulo, devemos também dar honra maior àqueles com dons menos louvados (1 Co 12:24). Desta forma, não há divisão entre os cristãos que servem em público e em privado, nem prioridade na percepção da congregação.

O crescimento é bom. Com o crescimento, a complexidade é inevitável e uma administração sábia é vital. Tal trabalho não está abaixo de um pastor. Mas demasiado trabalho administrativo para ele, significa que o corpo não está saudável e completo.

Traduzido por Rebeca Romero.

fonte https://coalizaopeloevangelho.org/article/por-que-pastores-estaeo-deixando-as-igrejas-para-que-possam-pastorear/

 


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