Ao mestre, com carinho

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Há algum tempo, boa parte das crianças, ao ser questionada sobre a profissão que queria seguir, respondia com convicção: professor ou professora. Fazia parte das brincadeiras infantis, inclusive, simular o ambiente da sala de aula. Os professores inspiraram várias gerações ao revelarem um mundo cheio de inúmeras possibilidades através do conhecimento.

Porém, a profissão que tanto inspirava, hoje, parece estar esquecida, apesar de sua presença e sua importância fundamentais na construção de uma sociedade. Dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostram que 20% dos universitários no Brasil estão em cursos como Licenciatura e Pedagogia, um dos maiores índices do mundo. No entanto, apenas 5% dos estudantes do ensino médio dizem querer ser professores, e no País faltam professores para disciplinas nas áreas de exatas e ciência.

Mas o que explica esses números? Especula-se que a facilidade de acesso a essas graduações, que estão entre as mensalidades mais acessíveis, somada à possibilidade de frequentar cursos não- presenciais (on-line), acaba sendo um estímulo temporário. Mas esse cenário não impede que 6 em cada 10 alunos que ingressam nessas graduações desistam antes de concluí-las.

A uma semana do Dia dos Professores, celebrado em 15 de outubro, é possível constatar que esses profissionais não têm muitos motivos para comemorar. Uma pesquisa feita recentemente com 6,4 mil professores das redes públicas e privadas em todo o Brasil, pela ONG Conectando Saberes, revela que cerca de 77% dos entrevistados apontam que os baixos salários e a rotina difícil do professor levam à desistência do trabalho.

Outro levantamento, feito pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), apontou que 71% dos professores estão estressados devido à sobrecarga de trabalho.

Mediador
Há 30 anos atuando na área de ensino, Mara Duarte da Costa ressalta que o professor tem o papel de mediador, o que envolve “facilitar a aprendizagem dos alunos, adaptando o currículo às necessidades individuais de cada um para que eles possam se desenvolver em todas as áreas, estimulando também o pensamento crítico e guiando os alunos no desenvolvimento de suas habilidades sociais e emocionais, tão essenciais nos dias de hoje”.

Atualmente, Mara é diretora pedagógica do grupo Rhema Educação, uma instituição de ensino voltada para a capacitação e formação de professores. Como mediadores, Mara explica que os professores “desempenham um papel fundamental na promoção da educação inclusiva e no fornecimento de um ambiente de aprendizagem enriquecedor, em que os alunos podem crescer intelectualmente, socialmente
e emocionalmente”.

 

No entanto, essa mediação não é feita de forma isolada, mas necessita de “parcerias colaborativas”, capazes de promover uma educação mais eficaz. “É preciso ter parceria do governo, fornecendo recursos adequados, formação constante e valorização do trabalho do educador; dos alunos, demonstrando engajamento e responsabilidade em seu aprendizado; e dos responsáveis, envolvendo-se na educação”, afirma.

No Brasil, Mara destaca que a falta de recursos e infraestrutura nas escolas, os baixos salários e a falta de apoio pedagógico, a violência e a indisciplina nas escolas, a falta de formação profissional continuada e a defasagem de aprendizado dos alunos são os principais desafios que o professor enfrenta.

Valorizar é urgente
Apesar dos inúmeros desafios, Bárbara Molina Mazin, professora há 24 anos, revela que nunca pensou em desistir da profissão. Desde 2016 atuando como diretora de uma escola pública na capital paulista, Bárbara escolheu a profissão inspirada pela mãe, que também lecionava, e por entender o quanto poderia ajudar os alunos. “Não me imagino fora da educação, pois amo o que faço. Cuidar, educar, acolher estudantes, crianças, bebês e familiares são ações que fluem de dentro de mim a cada dia. Hoje, como sou diretora, também cuido e acolho os professores que trabalham comigo”, diz.

 

Apesar do desprezo de muitos em relação ao papel do professor, a diretora ressalta que perceber o avanço dos estudantes, ao longo do ano letivo, é a maior motivação. Bárbara acredita que a perda do prestígio da profissão tem colaborado para que muitos não queiram se tornar professores. “A profissão não é vista mais como uma missão. Temos que retomar urgentemente o papel do professor na sociedade e sua importância. Em um cenário educacional ideal, a valorização do professor é o primeiro passo para uma educação de qualidade”, ressalta.

Além de iniciativas dos governos, alunos e responsáveis também podem promover a valorização dos profissionais da educação. Pais ou responsáveis podem, por exemplo, atuar em parceria com o professor para facilitar o trabalho dele. “Às vezes um bilhete na agenda, um muito obrigado ou uma gentileza é o suficiente”, diz Bárbara.

fonte https://www.universal.org/noticias/post/ao-mestre-com-carinho/

 


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