Ataques em escolas: um problema de todos

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A escola sempre foi vista como um ambiente de aprendizado e desenvolvimento pessoal, mas nos últimos anos tem sido associada, com cada vez mais frequência, à violência. De janeiro a outubro deste ano, por exemplo, foram registrados nove ataques em instituições de ensino no Brasil que totalizaram nove vítimas fatais. Ou seja, a cada mês a história se repetiu com novos personagens e deixou uma lembrança sombria nas escolas e também na vida dos estudantes, dos professores e dos familiares.

Por trás dos casos que ganham notoriedade graças à divulgação pelos meios de comunicação, estão outros relacionados à violência. Dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania apontaram que até setembro foram registrados 9.530 chamados por meio do Disque 100. Esse número corresponde a um aumento de 50% em comparação às notificações de 2022. Vale destacar que cada chamado pode conter uma ou mais violações de direitos e neste ano foram identificadas 50.186 transgressões.

Entre os Estados brasileiros com maior número de casos registrados se destacam São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O levantamento ainda revelou que os principais tipos de violência no ambiente educacional decorrem de questões emocionais que envolvem constrangimento, tortura psíquica, ameaça, bullying e injúria.

Lidando com as mudanças
A adolescência é uma fase de transição. É um período marcado por uma série de descobertas e mudanças físicas, psicológicas e sociais. Nessa etapa do desenvolvimemto, a insegurança é bastante comum e ganha força a necessidade de agradar os que estão ao redor e de se encaixar em um grupo.

Se essa vivência já era difícil há alguns anos, atualmente existe mais um agravante: as redes sociais digitais. A tentativa de acompanhar um suposto padrão tende a moldar as ideias e o comportamento dos indivíduos, levando-os a fazer loucuras para se encaixar. Mas nem sempre isso acontece e é nesse contexto que pode começar o bullying.

O termo deriva da palavra bully, do inglês, que significa brigão ou valentão em português, e consiste na ameaça ou na intimidação de alguém por qualquer motivo, além de exclusão ou discriminação de um indivíduo, por causa de sua cor, raça ou seu sexo. No mundo virtual, ele é classificado como cyberbullying. “O bullying é uma das principais portas para o fomento de pensamentos depreciativos, isolamento social e ódio que um estudante pode sentir. Tudo isso, atrelado ao aspecto psicológico mais desestruturado e à falta de suporte emocional ou familiar, pode desencadear ações de automutilação ou agressividade com o outro”, diz a psicopedagoga Gabriela Souza. Para ela, tanto as vítimas do bullying como as que o praticam precisam de atenção.

 

POR TRÁS DOS NÚMEROS
“O aumento da violência nas escolas mostra uma elevação da desestrutura psicológica, emocional e muitas vezes familiar na vida dos jovens. Não é à toa que vemos um aumento significativo da ansiedade e da depressão em indivíduos dessa faixa etária. Tudo isso contribui para que essas pessoas que já carregam conflitos e raiva optem pelo isolamento social”, cita.

Mesmo quando estão trancados no quarto, esses jovens encontram um mundo de possibilidades graças à internet. “Eles procuram escape nas redes sociais e ao ficarem horas fora da realidade imersos em jogos violentos. Tudo isso junto acaba por aflorar o ódio e a violência nas pessoas”, afirma.

Na prática, a exposição excessiva a conteúdos violentos ainda tem o potencial de dessensibilizar o indivíduo e fazer com que a violência seja normalizada. Além disso, algumas redes sociais se transformaram em meios de disseminação de conteúdos extremistas e de apoio a atos violentos.

Um relatório divulgado recentemente analisou o perfil dos autores de crimes em escolas: são homens com idade entre 10 e 25 anos, brancos e isolados. Além disso, eles possuem semelhanças como gosto pela violência e armas de fogo; concepções e valores opressores, como racismo, misoginia e ideais nazistas; percepção da escola como sofrimento; busca por notoriedade; e admiração por autores de outros ataques.

VIRANDO O JOGO

O combate à violência nas escolas engloba uma série de iniciativas que vão desde a ação familiar até as governamentais. Em se tratando de segurança, é relevante a presença policial na proximidade das escolas, assim como maior rigor na entrada de pessoas que não integram a comunidade escolar na instituição de ensino. Outra ação policial que tem surtido efeito é o monitoramento da circulação de conteúdos de ódio pelas redes sociais.

Esse trabalho ajuda a identificar possíveis ataques antes que aconteçam.

A escola e o corpo docente também têm papel fundamental no combate à violência. “É necessário que o ambiente da escola seja acolhedor, um ambiente de escuta ativa, um lugar onde se observa e se valoriza as pessoas. Trabalhar o vínculo afetivo e as competências socioemocionais com os estudantes e com os profissionais da educação também é primordial” aconselha Gabriela.

Dentro de casa, os pais precisam conversar com os filhos, observar mudanças de comportamento e buscar informações sobre o que eles acessam na internet e com quem conversam. “O diálogo tem que acontecer não apenas quando o jovem procura, mas precisa ser provocado por quem pode ajudar. Não é só ouvi-lo uma vez, mas ouvi-lo e continuar ouvindo de maneira acolhedora e ativa”, esclarece Gabriela.

Por fim, é preciso que toda a sociedade se una para notar o outro, principalmente os que se isolam. “Essa atenção é importante porque nunca se sabe o que o indivíduo passa, o ambiente em que ele vive e os pensamentos que ele traz e alimenta. Afinal, antes do nascimento de uma ação, surge o pensamento alimentado por muito tempo”, conclui Gabriela.

fonte https://www.universal.org/noticias/post/ataques-em-escolas-um-problema-de-todos/

 

 


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