Como Líderes de Igreja Podem Responder a Uma Crise

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Ligue para mim, é uma emergência.

Essas palavras assustadoras apareceram na minha tela e imediatamente liguei para ela. Sua voz estava trêmula ao explicar os detalhes daquela noite. No meio do jantar, o telefone dela tocou com uma notícia terrível: o filho de 17 anos havia tentado suicídio e estava a caminho do hospital mais próximo.

Sua voz estava cheia de medo, ansiedade e confusão. Estava tentando entender. O que estava acontecendo? O que o levou a tentar o suicídio? Ele iria ficar bem?

Se você é líder de igreja, presbítero ou pastor, provavelmente terá que responder a crises dentro da igreja local ou na comunidade. É para você que as pessoas ligam quando enfrentam coisas como a morte de um ente querido, uma hospitalização, crises de saúde mental ou conflitos no casamento ou entre filhos. É importante que você esteja preparado para responder bem às pessoas sob seus cuidados.

No meu trabalho como assistente social, frequentemente ajudo pessoas a enfrentarem esses tipos de crise. Com o tempo, percebi que tais crises nos proporcionam uma oportunidade única de cuidar dos outros, amá-los e dessa maneira refletir a Jesus para eles.

O Que é Uma Crise?
As crises podem ser definidas como tempos instáveis, geralmente emocionalmente significativos, onde é necessário tomar certas decisões. O tempo de resposta é curto, todo mundo está engajado, nossas mentes processam informações de forma acelerada e as emoções são intensas.

Uma crise reflete que algo não está funcionando como deveria e não pode permanecer dessa maneira. Pessoas, circunstâncias, famílias, sociedades e até mesmo as finanças entram em crise quando sob pressão demasiada. As crises são gritos altos de socorro e impossíveis de se ignorar.

Isso tem duas implicações para entendermos. Primeiro, qualquer situação que culmine numa crise é complexa. Não existem respostas fáceis ou soluções rápidas. Essas situações exigem muita sabedoria.

Isto leva-nos à segunda implicação: em todas as crises, não temos o necessário para superá-las bem.

Para sermos eficazes, necessitamos reconhecer e confessar esta carência, voltar nossos olhos para o doador de todas as boas dádivas e descansar na confiança de que Ele nos dará sabedoria, clareza, paciência e a energia da qual necessitamos para a crise em questão (Tiago 1.5). Então podemos colocar mãos à obra.

Etapa 1: Triagem
Numa crise, pode parecer que tudo o que está sendo discutido é da maior prioridade e precisa de ser resolvido imediatamente. Isto não é realista. Lembre-se de que há um tempo para tudo debaixo do sol (Eclesiastes 3.1) e sua tarefa é ajudar a priorizar quais problemas precisam ser resolvidos primeiro.

Considere a seguinte avaliação de triagem:

Avalie a segurança física e o bem-estar. Ao receber uma chamada de emergência, sua primeira pergunta deve ser “As pessoas envolvidas estão seguras?” Se um indivíduo não estiver fisicamente seguro, pouco podemos fazer para seguir em frente. Por exemplo, se uma esposa liga para você porque o marido está bêbado e agindo de forma instável, sua primeira resposta não deve ser “Vamos agendar um aconselhamento pastoral de casal”. A resposta necessita ser “Você e as crianças estão seguros? Se ele estiver agindo de forma irregular, pode ser uma boa ideia ir para a casa de sua mãe. Você acha que isso é possível?
Ligue para as autoridades competentes. Se uma criança revelar abuso, ligue para a instituição local de bem-estar infantil. Se um idoso cair, chame a ambulância. Se a casa de alguém foi roubada, chame a polícia. Não presuma que você tem tudo “sob controle”. Sempre ligue para as autoridades apropriadas.
Notifique as partes apropriadas. Isto é surpreendentemente difícil e requer sabedoria para cada situação. Pode começar por perguntar à pessoa que você está apoiando quem ela gostaria que você notificasse—não presuma. Por exemplo, no caso da esposa de marido imprevisível, não ligue imediatamente para o marido. Isso só ameaçará a segurança dela e das crianças. Por outro lado, se um adolescente revelar vontade de se suicidar, necessita ligar para os pais dele.
Identifique e procure atender as necessidades reais. Eles precisam de cuidados infantis? Habitação? Comida? Transporte? Alguém para cuidar do cão? Ajuda para notificar o emprego? Assistência com o plano de saúde da família? Pode-se ajudar de maneiras variadas e é útil fazer uma lista, bem como elaborar um cronograma para quando as coisas precisam ser realizadas.
Compartilhe a esperança do evangelho. Por trás de cada crise, há uma necessidade profunda e sincera da esperança do evangelho. É o evangelho que nos ajuda a lidar direito com as crises e é o evangelho que se aplica a todas as situações da vida. A mensagem de Jesus Cristo precisa ser compartilhada, ouvida e abraçada.
Ajuste-se conforme necessário. Durante uma crise, os planos necessitam ser flexíveis, adaptando-se à medida que a crise se desenvolve ou à medida que outras crises surgem ao mesmo tempo.
Etapa 2: Ouça Com Cuidado
Passado o período inicial de crise, precisamos fazer perguntas. Uma crise é um sinal de alarme e há que ouvir com cuidado antes de avançar com um plano para evitá-la no futuro. Se não o fizermos, poderemos não perceber o problema, retrasar a solução ou até mesmo pecar contra outros no processo (Pv 10.19).

Embora seja difícil, não se precipite em consertar as coisas ou se apresse para superar o desconforto de uma situação desconhecida. Esteja presente e ouça atentamente a pessoa que você está cuidando. Não há nada mais desanimador do que partilhar nossos medos, ansiedades, preocupações e dores profundas no meio de uma crise e depois receber uma resposta ensaiada que mostra que o que dissemos não foi ouvido.

Ao considerar as preocupações da outra parte, buscando melhor compreensão do problema e tentando gerar ideias para chegar a uma solução, recomendo algumas perguntas para ter em mente:

· Quero entender o que está acontecendo. Você pode me explicar qual é o problema?

De que maneira as coisas aconteceram da forma inesperada?
Como podemos seguir em direção a uma solução?
Você pode esclarecer o que você quer dizer com _____?
Ouvir não significa que a pessoa em crise esteja certa em tudo o que diz. Como pastor, poderá aponta-la para a Palavra de Deus e seus próprios padrões de pecado. Quando chegar a hora certa, pode exortá-la ao arrependimento.

Etapa 3: Desenvolver um Plano
Resolver a situação imediata não significa que as causas subjacentes tenham sido totalmente abordadas. Se possível, deve desenvolver planos de acompanhamento de curto e longo prazo.

É aqui que entram o aconselhamento bíblico, os serviços terapêuticos clínicos, a orientação individual e o cuidado prestado por grupos de apoio. A crise chama a atenção para a necessidade, mas o trabalho profundo começa depois.

Implemente uma abordagem oportuna, razoável e baseada em evidências para atender às necessidades do indivíduo. Se possível, faça parceria com médicos, psicólogos, assistentes sociais ou outros profissionais apropriados para garantir que a “equipe” esteja em sintonia. Desta forma, terá maiores chances de alcançar o melhor resultado a longo prazo: o bem-estar físico, emocional e espiritual do corpo de Cristo.

Traduzido por Marcos David Muhlpointner

Fernie Cosgrove é esposa e mãe, trabalha como supervisora ​​social de bem-estar infantil e professora adjunta na Escola de Serviço Social da UConn (Universidade de Connecticut) nos EUA. Está fazendo o curso de mestrado no Southern Baptist Theological Seminary. Ela é escritora colaboradora da Well-Watered Women e da Coalición por el Evangelio e atua como coordenadora do clube do livro na Women and Work. Ela é originalmente de Ciudad Juárez, México, e agora mora com o marido e o filho em Connecticut, onde são membros da Igreja Presbiteriana da Comunidade de Cristo em West Hartford.

FONTE https://coalizaopeloevangelho.org/article/como-lideres-de-igreja-podem-responder-a-uma-crise/

 


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