Permanência Fomenta a Evangelização

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Se desejamos que as pessoas ao nosso redor confiem em Jesus para a salvação, a coisa mais importante que podemos fazer é permanecer nEle. Nenhuma estratégia ou plano pode anular a necessidade de permanecermos em Cristo, pois a salvação não pode ser alcançada sem Seu poder e presença.

Precisamos ter cautela para não esvaziar a cruz de Cristo de seu poder ao confiarmos na sabedoria mundana. A sabedoria e estratégia têm seu lugar, mas precisamos manter o principal como o principal.

Permanecer em Cristo significa usar os meios da graça todos os dias, colocando-nos constantemente em contato com o Espírito de Deus, a Palavra de Deus e o povo de Deus. Se formos convidar nossos próximos a se arrependerem de seus pecados, precisamos nos arrepender continuamente. Se formos convidar nossos próximos a confiarem em Jesus com seu dinheiro, tempo e corpo, devemos nos dedicar a fazer o mesmo. Não podemos oferecer autenticamente aos outros o que não temos. É necessário viver como ramos na videira.

Embaixadores Atuantes
Se estivermos realmente permanecendo em Cristo como indivíduos e como uma comunidade de discípulos, seremos capacitados pelo Espírito para viver a visão de Paulo em 2 Co 5.18-21:

“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.

Deus é sempre Aquele que atua na obra da reconciliação; Ele estabeleceu isto através de Cristo por sua própria iniciativa e poder. Por conta da sua obra e amor por nós e pelo mundo, ele também nos concede o ministério da reconciliação. Isso significa que não podemos nos posicionar às margens desta obra. Somos comissionados a ser seus embaixadores atuantes.

Particularmente elucidativo é o tom de Paulo no versículo 20, onde ele “implora” [NT – outra possível tradução de rogar] aos coríntios para se reconciliarem com Deus. O verbo “implorar” vem da palavra Grega que significa “pedir algo de maneira suplicante”—funcionalmente, mendigar. Implorar ou suplicar não é o único tom que podemos utilizar ao realizarmos o trabalho ministerial, mas pode ser uma correção importante para a postura de guerra cultural que domina muito do mundo evangélico norte-americano.

Mendigar nos coloca numa posição vulnerável. No entanto, as igrejas evangélicas nos Estados Unidos têm estado demasiadas vezes obcecadas com a força. Ao invés disso, necessitamos ser semelhantes a Cristo porque permanecemos nele. Necessitamos demonstrar a força da mansidão e da gentileza que advém da confiança em Deus para nos justificar. Necessitamos ter a disposição de ser quebrantados—uma disposição que provém do amor.

Confronto com o Evangelho
Tendo a postura adequada que vem da permanência em Cristo, passamos então a ponderar sobre a estratégia inteligente que nos ajudará a levar a cabo a obra de reconciliação. Uma estratégia de permanência em Cristo será a estratégia do missionário.

Neste sentido, ainda temos muito a aprender com Lesslie Newbigin. Ele afirmou corajosamente a necessidade de um encontro missionário com o Ocidente, e esta necessidade é tão urgente agora como era na década de 1980. Não podemos recuar para a Cristandade; o caminho para o futuro tem de ser encontrado numa proclamação destemida da encarnação, da Trindade e da cruz, abertos ao modo como estas formas antigas poderão tomar novas formas hoje.

Newbigin discerniu claramente que o evangelho está sempre permeado em formas culturais, e que necessita estar sempre em confrontação com todas as culturas, para que não seja superado como irrelevante ou pelo sincretismo. Tal confrontação necessita ser da mesma forma que Cristo confrontou, com as mesmas motivações, propósitos e estratégias. Michael Goheen, ao descrever o pensamento de Newbigin sobre o confronto de Cristo, expressou-o desta forma: “A cruz de Jesus implica numa identificação total e dispendiosa com o mundo, por um lado, e uma radical separação da sua idolatria, por outro.”

Se queremos que os nossos semelhantes confiem em Jesus, esta é a abordagem de que necessitamos—o que, naturalmente, exige que conheçamos os ídolos da nossa cultura o suficiente para nos separarmos deles e que conheçamos o mundo o suficiente para nos identificarmos com ele. Permanecer em Cristo é o melhor caminho para encontrar este equilíbrio, pois Cristo 0 percorreu durante seu ministério terreno.

Ética Diferenciada

Oliver O’Donovan escreve de maneira similar, mas do ponto de vista da ética. O evangelho é uma afirmação da vida que Deus deu a Adão. Portanto, “o evangelho também tem um aspecto de condenação, que julga e mata tudo o que se interpõe no caminho da vida humana”. A postura da guerra cultural não estava errada em oferecer condenação per se, mas se queremos que as pessoas venham a Cristo, precisamos condenar o que o próprio Cristo condena—e da forma como ele o faz.

Somente ao permanecer plenamente em Jesus, seremos capacitados pelo Espírito para proclamar o seu julgamento sobre o pecado de uma forma que sempre conduza os pecadores ao arrependimento e à vida. Consideremos, por exemplo, a amada passagem sobre a mulher junto ao poço, em João 4. Ela reconheceu que Cristo estava a seu favor, apesar dele a ter confrontado com sua história sexual (v. 18) bem como com sua confusão religiosa (v. 22). Quando evidenciamos o que está fora de sintonia com Deus na vida dos nossos próximos, será que eles conseguem ver que nós, e mais importante ainda que Jesus está ao favor deles? Ele veio para que eles possam ter vida e vida em abundância—a mesma vida em que nós estamos permanecendo.

No livro Destroyer of the gods [Destruidor dos deuses], Larry Hurtado salienta que os primeiros cristãos arrebataram o mundo, tendo testemunhado uma grande conversão, apesar de suas crenças serem consideradas, em muitos aspectos, ofensivas e até repulsivas. A sua forte convicção na devoção a Jesus, criou uma nova comunidade, que com uma ética diferenciada, não podia ser detida. A nossa permanência em Cristo pelo Espírito de Deus pode produzir um efeito semelhante hoje. O que parece impossível pode vir a acontecer, porque Deus está sentado no céu e faz tudo o que lhe apraz. Ao olharmos para ele com uma atitude esperançosa em relação aos nossos próximos, temos de permanecer verdadeiramente nele.

Traduzido por Cynthia Costa

Rachel Gilson é diretora de desenvolvimento teológico da Cru Northeast. Ela é bacharel em História pelo Yale College e está concluindo seu mestrado no Seminário Teológico Gordon-Conwell. Ela tem um blog chamado rachelgilson.com.

FONTE https://coalizaopeloevangelho.org/article/permanencia-fomenta-a-evangelizacao/

 


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