Relatórios recentes indicam que o grupo rebelde armado M23 está se aproximando da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, devastada pela violência no leste da RDC. O grupo terrorista avançou recentemente sobre Goma, aproximando-se da cidade em 2022 antes de concordar em retirar-se de Kibumba, uma importante cidade próxima, após conversações de paz.
O M23 capturou brevemente Goma no final de 2012, pouco depois da sua fundação em Abril desse ano.
Um ataque às forças de manutenção da paz da ONU em Sake, a apenas 19 quilómetros de Goma, feriu no sábado oito membros da força de manutenção da paz. Num comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “os ataques contra as forças de manutenção da paz das Nações Unidas podem constituir crimes de guerra [sic] ao abrigo do direito internacional” e desejou ao pessoal ferido uma rápida recuperação.
A missão da ONU, conhecida como MONUSCO, começou a retirar-se do país em Fevereiro, segundo comunicado da força. A MONUSCO trabalha no país há mais de 13 anos e antes da retirada contava com quase 18.000 efetivos, incluindo cerca de 14.000 soldados armados.
A primeira fase da retirada centrar-se-á nas bases na província de Kivu do Sul, que serão entregues às forças congolesas antes de Maio. Duas fases posteriores verão as tropas da ONU deixarem Ituri e a província de Kivu do Norte, onde ocorreu o ataque da semana passada. Num comunicado, a MONUSCO disse que planeava concluir a retirada a nível nacional até ao final de Dezembro de 2024, um ano após a retirada ter sido originalmente aprovada.
A missão da ONU tornou-se cada vez mais impopular entre os líderes do governo congolês nos últimos anos. Em Dezembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a retirada depois de o presidente congolês, Felix Tshisekedi, ter solicitado uma retirada acelerada alguns meses antes.
Os Estados Unidos e muitos outros governos acusaram o vizinho Ruanda de apoiar o M23, uma acusação que o Ruanda nega, apesar de existirem provas significativas que fundamentam a afirmação. Após anos de inatividade, o M23 começou a lançar ataques em 2021 e desde então cresceu e tornou-se num dos grupos militantes mais poderosos da RDC, um país dilacerado por tensões entre o que se estima ser cerca de 120 grupos militantes.
A RDC é maioritariamente constituída por cristãos, com cerca de 95% da população a identificar-se com algum ramo do cristianismo. Embora o M23 não seja motivado principalmente pela animosidade religiosa contra os cristãos, os relatórios sugerem que os seus ataques influenciam significativamente a prática religiosa e podem ter alguma raiz nas tensões etnorreligiosas que remontam ao genocídio no Ruanda.
Outros grupos na RDC, como a ADF, são explicitamente motivados pelo extremismo islâmico e causaram danos significativos às populações cristãs e aos locais de culto nos últimos anos.
Os Estados Unidos criticaram recentemente as forças governamentais congolesas pelo seu apoio às FDLR, um grupo étnico armado que luta na região. “Os Estados Unidos têm sido consistentes na denúncia da colaboração entre elementos das forças armadas congolesas e intervenientes armados sancionados pela ONU e pelos EUA, incluindo as FDLR”, disse o embaixador Robert Wood, representante permanente adjunto dos Estados Unidos na ONU. em um comunicado.
O M23 utilizou mísseis terra-ar para disparar contra meios aéreos da MONUSCO. “O facto de o Ruanda, um importante contribuinte de tropas para a manutenção da paz da ONU, tomar medidas tão hostis contra uma missão da ONU é profundamente perturbador”, disse o Embaixador Wood, chamando-o de “motivo para uma avaliação séria por parte da comunidade internacional”.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionou recentemente os líderes de cinco grupos rebeldes armados. A lista dos sancionados inclui dois líderes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), um notório grupo terrorista culpado de violência contínua contra civis, incluindo comunidades cristãs vulneráveis na RDC.
FONTE https://www.persecution.org/2024/03/20/violent-rebel-groups-near-regional-capital-in-drc/
